sábado, 11 de agosto de 2012

Cadastro de ‘flanelinhas’ abre polêmica no Cambuí


De olho nos altos índices de criminalidade em Campinas, a Secretaria Municipal de Segurança anunciou no mês passado um cadastro para os flanelinhas que atuam na cidade. Além de furtos e roubos de veículos, crimes como extorsão são muito comuns entre os flanelinhas que ocupam ruas públicas e “vendem” um serviço de segurança particular aos motoristas, que acabam sendo coagidos a pagar.
Apesar de a atividade ser reconhecida por lei federal de 1975, o assunto ainda causa polêmica. Projeto de lei do deputado federal Fabio Trad (PMDB-MS), que será analisado este mês pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara, defende a criminalização da prática por aquelas pessoas que não estiverem cadastradas. O jurista criminal Damásio de Jesus acredita que a medida é radical e defende maior atuação da polícia para inibir as práticas criminosas.
De acordo com o secretário de Segurança de Campinas, Sinval Dorigon, o primeiro passo para a criação do cadastro já foi feito, mas ainda não há um prazo de quando o serviço será disponibilizado aos flanelinhas. “Já fizemos o primeiro contato com o Ministério do Trabalho de Campinas e será celebrado um convênio junto com a Prefeitura, que a credencia para receber os dados”. A proposta do cadastro já estava prevista na Lei 6.242, de 23 de setembro de 1975, mas só agora o município iniciou o processo de regulamentação da profissão.
Para o registro, será preciso apresentação de diversos documentos, entre eles, antecedentes criminais. O trabalhador que quiser atuar como flanelinha também deverá estar quite com as obrigações eleitorais e militares. “Apesar de a atividade ser reconhecida, aqui em Campinas estão praticando exercício ilegal da profissão, porque não têm regulamentação. Estamos nos adequando à lei e em breve daremos as orientações quando do início das inscrições”, informou o secretário.
Por se tratar de um projeto-piloto, que será implementado inicialmente no bairro do Cambuí, ainda não há definição em relação a números de vagas disponíveis e as ruas onde os flanelinhas poderão atuar. Todos aqueles que estiverem aptos ao trabalho serão identificados com crachás e uniformes.
“O nosso objetivo principal é reduzir os índices criminais. A lei proíbe a coação, a extorsão, a pessoa dá o que quiser e se quiser. Ninguém é obrigado a pagar”, afirmou o secretário, lembrando que em regiões da Capital paulista, onde todos os guardadores de carros foram identificados, alguns crimes caíram até 90%, como os furtos e roubos de veículos. “Dentro da regulamentação, vamos estudar um trabalho simultâneo com a zona azul, onde seria cobrado um valor simbólico para ser repassado aos flanelinhas, mas isso ainda é uma ideia que deverá ser bastante estudada”, disse.
Para quem vive da profissão, o cadastro não coloca medo. “Vai impor mais respeito, pois as pessoas acham que somos bandidos”, disse o guardador André Luiz Batista da Silva, de 39 anos, que trabalha nas ruas do Centro de Convivência, no bairro Cambuí, e afirma que a atuação dos flanelinhas inibe os bandidos. “Não andamos armados, mas os bandidos não roubam por conta da gente”, disse.

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